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COLEÇÃO VISITÁVEL
COMANDOS
A Coleção Visitável Militar dos Comandos
TCor “Cmd” Hugo Fernandes
SMor “Cmd” Edmundo Batista
A Memória e a História dos Comandos
A história dos Comandos começou em 1962, quando em Zembra, no Norte de Angola, foram constituídos os primeiros seis grupos de combate, daqueles que seriam os antecessores dos Comandos, e durante todo o período da Guerra do Ultramar, viriam a deixar a sua marca, de forma indelével, no desenrolar do conflito e para o futuro, quer pelos resultados operacionais alcançados, quer pela criação de uma das melhores e mais míticas tropas especiais de todos os tempos.
Fruto deste empenhamento e da atuação num período conturbado de consolidação da democracia em Portugal (25Nov), os Comandos criaram a sua pegada histórica e com ela foram marcando gerações, criando uma memória coletiva para o futuro. Este passado, feito de recordações pessoais, de saberes herdados e de feitos heroicos, que transforma a memória em história, deve ser mantido através de rituais, cerimónias e espaços físicos, que permitam preservar a consciência coletiva e constituir-se como aglutinadores de vontades e reserva de coragem moral para as gerações vindouras, que aí encontram o sentido daquilo que lhes é exigido e a imensidão do sacrifício que outrora foi feito por aqueles a quem querem pertencer..



A intenção de criação de uma Coleção Visitável Militar Visitável (CVM)1 que permitisse conservar os diferentes testemunhos e ações militares, a guarda do espólio, dos bens culturais e a mística Comando, sempre existiu. O Regimento de Comandos criado em 01 de maio de 1975 ficaria herdeiro das tradições e património histórico daqueles de que são continuadores. Contudo, aquando da decisão de extinção do Regimento de Comandos e suspensão temporária da especialidade “Comando”, em 1993, verificou-se a necessidade de preservar a história e a memória viva desse património e bens existentes na Unidade.
Coleção Visitável Militar
No então Regimento de Comandos da Amadora, foi constituída uma CVM que albergava um conjunto de bens culturais militares que haviam sido guardados ao longo da sua história, e que incluía uma tipologia variadas de bens, como armamento, quadros, pinturas, álbuns fotográficos, documentos históricos, louvores militares, ofertas de outras Unidades, estandartes de missões e símbolos do Regimento, e outros elementos ou artigos que se relacionam com a história e tradições da Unidade e especialidade2 . Entre eles, encontrava-se um dos mais icónicos símbolos, e que só mais tarde, em 2008, seria transladado para a Carregueira, o monumento ao “esforço Comando”, da autoria do Mestre Soares Branco, que havia sido inaugurado em 10 de junho de 1978.
Entretanto, e aquando da criação do Centro de Tropas Comandos, em Mafra, por Despacho de 01 de julho de 2006, julgando-se ser esse o futuro chão dos Comandos, constitui-se um pequeno núcleo museológico num dos espaços do edifício de comando, principalmente à base dos guiões das Unidades, de armamento e painéis informativos. De volta à Carregueira, novamente, volta a impor-se a necessidade de um espaço dedicado que pudesse acolher esta “história e memória”. Foram levados a cabo esforços nesse sentido, traduzindo-se esse desiderato na intenção de desenvolvimento de dois projetos com vista a esta finalidade, estando um previsto para o espaço central do edifício de comando e outro para a sala da fanfarra, mas dificuldades na sua consecução e falta de capacidade de financiamento por parte da Unidade, levariam ao não desenvolvimento dos mesmos.

Coleção Visitável
Desenvolvimento e
consolidação do projeto
Desenvolvimento e Consolidação do Projeto
Durante anos foram efetuadas as diligências possíveis para constituir um local que preservasse a história e a memória deste Regimento, nomeadamente a sua inclusão nos planos anuais de necessidade do Exército, e através do desenvolvimento de contatos com a Câmara Municipal de Sintra (CMS), com vista à obtenção de apoio. A CMS mostrou-se desde sempre interessada em apoiar esta intenção na medida em que o Regimento se encontra situado na sua circunscrição territorial, e tal aspiração contribuiria para a criação de um polo de atração musealizado do respetivo acervo, e para o enriquecimento cultural do Município e divulgação junto das populações.
Foi assim, que no decorrer do ano de 2020, a CMS se dignou a apoiar este projeto de interesse municipal, em parceria com o Exército Português, estabelecendo com o RCmds um contrato interadministrativo de colaboração para a criação de uma CVM nas instalações do Regimento de Comandos da Carregueira. Após a necessária aprovação pelo Exército, a “obra” ganhou forma, e foi possível constituir um espaço musealizado, onde fosse possível a visualização pública do legado histórico de que a Unidade é detentora, permitindo à população adquirir novos conhecimentos sobre uma das mais prestigiadas Unidades das Forças Armadas.

Comandos
Continuidade para o futuro
A CMV do RCmds foi inaugurada numa cerimónia inserida nas comemorações do Dia do Município e da Unidade, em 29 de junho de 2021, mas ainda se encontra em fase de finalização e melhoramento, nomeadamente da sua informação digital e virtual, com a intenção de criar uma aplicação que permita a sua visualização virtual, chegando desta forma a mais pessoas e ao mundo. Com o uso das novas tecnologias, será possível uma visita virtual a partir de qualquer dispositivo com ligação à internet, possibilitando a consulta de um maior número de dados históricos, fotos e filmes, que não se encontram no espaço físico, mas que o complementam. Pretende-se que a mesma seja de acesso público, como acordado, passando a fazer parte integrante do roteiro dos Museus de Sintra.
A missão da CMV do RCmds é a preservar a tradição da especialidade e Tropas “Comando”, colecionando, conservando e expondo publicamente o acervo histórico, fotográfico e documental das Tropas “Comando” no que concerne à formação, treino, operações e localização das suas Unidades, desde a sua criação. As funções museológicas exercidas são de estudo e investigação; incorporação; inventário e documentação; conservação; segurança; interpretação e exposição e educação.
Na CVM podemos visualizar o historial do percurso efetuado pelas Unidades “Comando” desde a sua criação, com os aspetos mais significativos da sua atuação ao serviço da Pátria nos mais exigentes teatros de operações, de África (Angola, Moçambique, Guiné-Bissau) a Timor-Leste, Afeganistão, Iraque e República Centro-Africana. Nela, estão também representados os principais marcos históricos da localização das Unidades, numa parede cronológica designada de “Palmilhando matas sem fim…”, a atuação decidida e meritória no 25 de novembro de 1975, na consolidação da liberdade e do regime democrático, assim como os nossos heróis, agraciados com a Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito. Não podíamos deixar de incluir também, o papel que a Cooperação Técnico-Militar com Angola e Moçambique tem representado para o bom relacionamento e a amizade entres os nossos países. Podemos ainda observar uma exposição do fardamento e equipamento utilizado pelas nossas tropas ao longo do tempo, e contemplar aquela que é a obra prima deste museu3 , o painel do autor Vassalo Miranda4 , onde se encontra representada a mística “Comando” desde o longínquo ano de 1962 até aos dias de hoje.

Mama Sume
Continuidade para o futuro
No painel, e segundo a sua memória descritiva e interpretativa, podemos encontrar o percurso efetuado ao longo destes 61 anos, desde as florestas aos tarrafos e planícies, nos três teatros de guerra, pelos quais passaram em terras africanas, até às missões que atualmente lhes são imputadas ao abrigo das organizações internacionais de que Portugal faz parte. Nele estão vivenciadas representações reais vividas, assim como os símbolos, locais de combate, operações e muitos episódios que espelham a essência dos “Comandos”.
No entanto, os bens culturais e o acervo dos “Comandos” estão presentes um ponto por toda a Unidade, nas crestas, nos quadros, nos manuais, nas fotografias e nos símbolos, com destaque para a Sala de Honra, onde se encontram expostos os guiões e certificados das Unidades “Comandos” condecoradas e os Estandartes Nacionais à guarda do Regimento.
Este espaço de memória vai muito para além do alcance físico da “construção”, representando em si, um tributo à valentia e sacrifício dos muitos que serviram e servem Portugal no Exército Português e nos Comandos, assegurando que o seu esforço permaneça para sempre na memória de todos.
Pese embora esta Coleção esteja ainda em fase de consolidação, estamos certos de que o espaço disponível é já exíguo numa perspetiva de médio e longo prazo. Importa desde já olhar para o futuro e assegurar que existam condições para crescer e conceber novos projetos inovadores, que permitam a guarda dos acervos resultantes de novos empenhamentos e missões. Para que tal aconteça, é fundamental que se olhe para este investimento numa perspetiva de valorização das nossas tradições, da nossa cultura organizacional e da nossa história, apontando para a necessária modernização e transformação digital, sem esquecer que estes espaços de memória e história irão sempre representar uma viagem ao passado, ao encontro do futuro.

Comandos
Continuidade para o futuro
Com o uso das tecnologias a intenção a CMV poderá ser acedida a partir de qualquer parte do Globo usando um telemóvel, tablet computador pessoal, podendo desta forma, conseguir que mesmo sem estar fisicamente no local fazer-se uma visita virtual.
Desta forma simples tem-se acesso a uma série de possibilidades e capacidades, informações mais detalhadas e vastas que estarão ao alcance de um clique.
Poderão consultar dados históricos, ver fotos, filmes e, desta forma podermos a todos.
O alcance que este tipo de plataforma tem é inimaginável, e a História das Tropas Comandos, que também faz parte da História de Portugal, é demasiado vasta e importante, para ficar apenas nas prateleiras.
É importante que se divulgue a História e mesmo quem esteja na Austrália, Polo Sul, etc, sem nunca ter vindo ao Regimento, saiba quem são os Comandos e que os Comandos estão em Portugal e desta forma saberem um pouco sobre a História de Portugal.
1Conceito ligeiramente diferente do de Museu, que “não reúne os meios que permitem o pleno desempenho das restantes funções museológicas que, habitualmente, se atribuem a um museu”.
2Para o cumprimento desta missão, não podemos deixar de referir o papel, esforço e dedicação do Tenente-Coronel “Cmd” Moura na preservação deste espólio, até à sua entrega ao Centro de Comandos, em 2006.
3No entendimento dos autores.
4Ilustrador, pintor e banda desenhista, Furriel Miliciano “Comando”, antigo combatente dos Comandos na Guiné e em Angola.